3 de out. de 2009

A noite



A mansão está vazia e o único som é o do queimar da lareira que aquece e ilumina quem está frio por dentro...
Olho para meu lado e vejo uma face branca iluminada pela luz do luar..Seus lábios vermelhos se tocam ao seu respirar puro e sereno...
O vento da noite entra pela janela que está a pouco aberta, acariciando seus longos cabelos negros como a noite...
A noite é de lua cheia, estou sozinho, então quem é esta boneca de porcelana que está a me acompanhar nessa noite que se torna agora inquieta...
Ao perguntar-lhe de onde veio nada obtenho como resposta, por fim, ela se levanta num gesto de impaciência e vem em direção a mim.
A figura estranha e sombria parece arrancar minha alma por um simples olhar...Assim, já me vi sem ação diante dela.
Foi uma noite bela e iluminada pelo queimar da lareira, assim que tudo chegou ao fim ela agarra-me com muita força e suavemente suga minha vida com seus lábios vermelhos que agora estavam manchados de meu sangue...
Logo, estava só novamente, levantei-me para entender o que acontecia e percebi que o sol estava nascendo, pois já era de manha.
Ao tentar apreciar o nascer desse bem divino da natureza, percebi que não o podia fazê-lo, então, um instinto assassino me veio à mente...
Escondi-me sob meus aposentos o dia todo por não entender por que razão eu não podia mais apreciar a luz do sol... Tentei desfrutar do que desfrutava todos os dias, mas estava sem fome alguma.
A noite chega, eu sinto-me como se tivesse que ir embora, a figura da mulher da noite passada volta para me assombrar novamente estendendo-me a mão e dizendo em poucas palavras o que eu não havia entendido ainda...
Percebendo no que eu tinha me transformado, agora eu via-me em uma situação tão bela e tão obscura que é a imortalidade...
Eu não pensei duas vezes e segurei sua mão que era gélida como seu coração, assim, nós dois voamos de mãos dadas sob a luz do luar e cada vez mais eu percebia...



...Agora eu era um deles.




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